Léo Ladeia

PORTO VELHO – Disse o presidente da poderosa CBIC-Câmara Brasileira da Construção Civil que o setor está operando “como se fosse uma Ferrari andando com o freio de mão puxado”. E diz isso fazendo avaliação em função das incertezas, da política dos juros, da alta de insumos sendo o aço o principal deles e face à política de liberação de recursos do FGTS. A expectativa era crescer 4% no ano, mas em março a realidade apontou para modestos 2,5%. E nesta montanha russa a pandemia deu uma trégua, alguém liberou o freio de mão e os 4% voltaram ao radar apesar da falta e/ou alto custo de matéria-prima, um problema que se mantém a quatro trimestres, além do segundo maior problema que é a indecente carga tributária. Convenhamos, porém, que 4% não é crescimento real. De 2014 a 2020 o setor teve queda de 33% e ainda que alcance a previsão de 4%, a retração é de 30%. Logo, fechar a conta só com algum tempo de bons desempenhos.

A média do índice do nível de atividade no segundo trimestre de 2021, foi a melhor no período, desde 2012. A demanda consistente por imóvel, o crédito setorial com juros menores, a melhora  na expectativa da economia, o novo significado da casa própria para as famílias, explicam esta realidade. Em junho a capacidade de operação esteve alta para qualquer padrão em qualquer lugar num patamar em 64% que está acima da média histórica brasileira de 62%. Traduzindo em linguagem otimista, apesar dos pesares há investimento, emprego, renda e um mercado promissor na construção civil, em especial na construção  de edifícios e isso cobre a queda volumosa nas obras de infraestrutura e nos serviços especializados que dependem muito mais do governo e suas políticas regionais, um assunto que é olhado pelos Sinduscons-Sindicatos da Construção Civil e tentando ordenar e influenciar tais políticas com a troca de informações regionais e interinstitucionais como no evento Fórum Norte Nordeste, uma proposta regional respeitada.

O setor da construção civil fechou maio com 2,43 milhões de trabalhadores com carteira assinada, contra 2,13 de trabalhadores em maio de 2020, um incremento de 15% em termos Brasil. O desenvolvimento de Rondônia tem como base o agronegócio, gerador de divisas, riquezas e de demandas por obras civis e mecânicas, mas temos baixa densidade demográfica, baixa renda salarial e um característica de atividade informal como empreendedores e como empregados. Mas há uma realidade: o agronegócio não vive sem as engenharias e a de construção civil está “pari passu” no campo e na cidade. Conhecer nossa realidade é a via para investir nas melhores oportunidades, abrir novos negócios e fazer a roda da economia girar. Ou nos mantemos ligados no que ocorre ou vamos ficar como abóboras em cima da carroça, ajeitando-nos de qualquer forma e depender do tranco e do passo da mula velha. É isso aí

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