PORTO VELHO – Chore tanto para que a dor dos órfãos se lave com teu pranto. Vivemos um momento tenebroso para a espécie humana. De repente, sem saber como e porque, o vírus infecta as pessoas. Cada uma delas tem sua história, tem seus vínculos afetivos, têm parentes: são filhos, pais, irmãos, avós, netos, laços de família e de amizade que causam dor e sofrimento, saudades, com perdas irremediáveis.
A morte é ausência, silêncio e partida sem volta na rota da eternidade.
O cenário mais triste é o mosaico dos órfãos. Crianças que ainda no princípio da existência perdem a presença e o amparo do pai ou da mãe, às vezes de ambos. As lágrimas dos inocentes contaminam o sentimento de piedade em todos os corações e exigem comoção das pessoas mais sensíveis.
Mais do que as lágrimas e as lamentações, é preciso elaborar projetos para acolher as crianças abandonadas pela orfandade. Parentes sobreviventes podem ter dificuldades nas condições de acolhê-las, porque só o fato de estar vivo é quase um milagre em meio a tantas perdas, quando 60% das famílias estão infectadas pelo mal da fome.
Será que vamos abrigar os miseráveis apenas na sepultura?
A sociedade não pode negar a vida, sobretudo às crianças, crisálidas do porvir, futuro da nação, esperança do amanhã.
Urge organizar imediatamente um plano de socorro aos órfãs vulneráveis para que o monstro da fome, da carestia e do abandono não devaste o corpo e a alma dos inocentes.
A solidariedade do povo brasileiro em meio a tanta penúria, por certo, não seja insuficiente para acudir essa situação de clamor público.
As esferas governamentais como a União, Estados e Municípios têm que meter a mão na massa e ver o que se passa com os órfãos. E dar solução já.
Transformar as lágrimas dos pequenos num hino de cooperação, num cântico à vida e uma aurora de bem-estar.
Deus salve as crianças, Deus conforte as famílias enlutadas!
*É advogado. Foi deputado estadual da primeira legislatura de Rondônia; deputado federal, senador e ministro da Previdência Social