Amir Lando*

PORTO VELHO – Chore tanto para que a dor dos órfãos se lave com teu pranto. Vivemos um momento tenebroso para a espécie humana. De repente, sem saber como e porque, o vírus infecta as pessoas. Cada uma delas tem sua história, tem seus vínculos afetivos, têm parentes: são filhos, pais, irmãos, avós, netos, laços de família e de amizade que causam dor e sofrimento, saudades, com perdas irremediáveis.

A morte é ausência, silêncio e partida sem volta na rota da eternidade.

O cenário mais triste é o mosaico dos órfãos. Crianças que ainda no princípio da existência perdem a presença e o amparo do pai ou da mãe, às vezes de ambos. As lágrimas dos inocentes contaminam o sentimento de piedade em todos os corações e exigem comoção das pessoas mais sensíveis.

Mais do que as lágrimas e as lamentações, é preciso elaborar projetos para acolher as crianças abandonadas pela orfandade. Parentes sobreviventes podem ter dificuldades  nas condições de acolhê-las, porque só o fato de estar vivo é quase um milagre em meio a tantas perdas, quando 60% das famílias estão infectadas pelo mal da fome.

Será que vamos abrigar os miseráveis apenas na sepultura?

Uma imagem de arquivo feita pelo premiado fotógrafo Lilo Clareto, que morreu em 21 de abril. LILO CLARETO / ACERVO PESSOAL – El País

A sociedade não pode negar a vida, sobretudo às crianças, crisálidas do porvir, futuro da nação, esperança do amanhã.

Urge organizar imediatamente um plano de socorro aos órfãs vulneráveis para que o monstro da fome, da carestia e do abandono não devaste o corpo e a alma dos inocentes.

A solidariedade do povo brasileiro em meio a tanta penúria, por certo, não seja insuficiente para acudir essa situação de clamor público.

As esferas governamentais como a União, Estados e Municípios têm que meter a mão na massa e ver o que se passa com os órfãos. E dar solução já.

Transformar as lágrimas dos pequenos num hino de cooperação, num cântico à vida e uma aurora de bem-estar.

Deus salve as crianças, Deus conforte as famílias enlutadas!

*É advogado. Foi deputado estadual da primeira legislatura de Rondônia; deputado federal, senador e ministro da Previdência Social

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