RO, Sexta-feira, 19 de abril de 2024, às 20:20



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Livros têm o poder de semear amizades verdadeiras e duradouras – por Humberto Oliveira

PORTO VELHO – As afinidades alimentam amizades que podem se tornar perenes e sólidas ou
simplesmente efêmeras e nada interessantes. Pela minha experiência de 58
anos vida, nunca cultivei amizade por alguém pela qual não tivesse empatia e
afinidade.

Amizades nascem sob qualquer circunstância e pode acontecer, digamos, de
repente, numa sala de recepção do dentista ou quando você está à espera que
a aula de inglês do seu filho termine, enquanto lê um livro para passar o tempo.
Pelo menos minha amizade mais recente surgiu assim. Ler e fazer amizades
são dois fundamentais para mim.

O hábito da leitura me acompanha, efetivamente desde os 13 anos, quando li
meu primeiro livro. As Aventuras de Robin Hood. Nunca mais parei. Com o
passar do tempo, houve vários ciclos e novos gêneros literários passaram a
chamar minha atenção.

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Ao longo dos anos mergulhei nos mais extraordinários universos, por exemplo,
o de Murilo Rubião a Sidney Sheldon, de Dalton Trevisan, Nelson Rodrigues,
Stephen King a Ruy Castro. De Literatura policial para os de mistério,
passando por centenas de biografias, livros de história e jornalísticos, música,
cinema, televisão, propaganda, a Bíblia, claro, e por aí vai.

Foi mediante os livros que fiz uma nova amizade que começou com uma
simples pergunta – Quantos livros o senhor lê por mês? Foi a senha para
iniciarmos nossas conversas sempre pautadas pelo mesmo assunto e suas
vertentes, ou seja, livros.

A diferença de idade em nada atrapalhou, pois, minha
jovem nova amiga chamada Bruna, uma estudante de 17 anos, se expressa
muito bem, é inteligente, estudiosa e tem planos bem sólidos para o futuro.


Outro dia, quando novamente estava à espera do meu filho e iniciando a leitura
de mais um livro, eis que outra moça, funcionária do curso de inglês, me
entregou um livro que a Bruna deixara de presente para mim.

Achei
interessante a dedicatória – Amiguinha das figurinhas. Uma referência a um
comentário feito pela professora Priscila, que nós ficávamos ali “trocando
figurinhas, conversando sobre livros”.

O livro que a Bruna me presenteou chama-se “Os Quatro Amores”, do célebre
escritor irlandês C.S. Lewis, famoso por obras como “As Crônicas de Nárnia”,
“Sobre Histórias”, “Cartas de um diabo a seu aprendiz”, “A abolição do
homem”, “A última noite do mundo”, “Deus no banco dos réus” e tantos outros
títulos. O autor, com viés reflexivo e filosófico, discorre sobre a afeição, que
denomina o mais humilde dos amores, pois não tem a intenção de
impressionar. Agora, a abordagem sobre o “mais humano dos amores” – A
amizade, no ponto de vista de Lewis, é ignorada no mundo moderno.

Os demais amores não vêm ao caso e não são pertinentes para esta história,
pois aqui estamos falando de amizade reservada para aqueles amigos de
verdade: os que têm os mesmos interesses que nós e que possuem valores
parecidos.

Concordo com o autor quando afirma que as amizades verdadeiras são muito
importantes para qualquer pessoa, pois assim não vivemos sozinhos. Pois é

exatamente isso que cultivamos nas nossas conversas. Simplesmente uma
amizade entre duas pessoas de gerações diferentes trocando figurinhas sobre
livros.

 

*É jornalista de formação, cronista, poeta e cinéfilo diletante.






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